Os puros, os indecisos e os cancelados. Qual deles você é?
Você é totalmente puro(a)? Caso não (eu também), nossa vida pode ficar bem difícil daqui há alguns anos.
Você é totalmente puro(a)? Caso não (eu também), nossa vida pode ficar bem difícil daqui há alguns anos.
Pelo menos na ficção do podcast / mini série Paciente 63. A história fala de um futuro não muito distante em que as pessoas são classificadas como puras, indecisas ou canceladas. O julgamento é feito de acordo com os valores morais de um grupo de justiceiros da internet chamados Egrégoros, nome derivado da palavra grega para "vigiar".
Os deslizes são punidos com cancelamentos que foram ficando cada vez menos virtuais. Então a humildade vai, aos poucos, optando pela indecisão.
Eu acho que a lição aqui não é que os cancelamentos de hoje em dia devam ser relativizados. A provocação interessante da história é que quase ninguém consegue ser puro.
Lembrei de uma entrevista que eu ouvi com a cantora Marcela Bovio e ela falou sobre como ter uma conversa honesta com os fãs online. Ela se perguntava se era possível se manter autênticas em diálogos “públicos” como são o caso dos papos nas redes sociais.
Um tempo atrás compartilhei a opinião da artista Jenny Odell. Ela acha que estamos com medo de nos expressar online e que isso dificulta papos mais complexos. “Suspeito que as pessoas abordam as mídias sociais com muito medo sobre como serão vistos. Porque, você sabe, é disso que se trata a mídia social. É muito sobre ‘likes’ e ‘dislikes’, votos positivos e negativos. É uma pontuação e você quer que sua pontuação seja boa. Então, acho que as pessoas estão nesses espaços com muito medo e muita defesa”.
Ontem tive uma conversa muito boa com a escritora (e minha amiga!) Gabi Albuquerque sobre nossas produções por aqui. Eu estou super bloqueada. Ela está voando, com novidades vindo em breve. Em comum, estamos as duas sempre pensando em como falar de temas complexos de forma honesta sem fechar a porta do diálogo com ninguém.
Engraçado que na última semana eu me meti numa conversa online na qual fiquei “cheia de dedos”. Já estava desistindo de me expressar quando a maravilhosa Juliana das Oliveiras me mandou uma mensagem de apoio. Ficamos trocando ideias sobre como a tal conversa era difícil mesmo. No fim, o moral da história foi: calar-se não é opção, o jeito é continuar sempre tentando se comunicar da melhor forma possível.
Su, me deixa mais tranquila saber que ainda nos temos, que ainda há espaço para conversa quando encontramos quem está aberto. Pode até ser que tenha bastante gente querendo falar e com medo como a Jenny citou. :(